MatrizNet

 
Logo MatrizNet Contactos  separador  Ajuda  separador  Links  separador  Mapa do Site
 
quinta-feira, 18 de abril de 2024    APRESENTAÇÃO    PESQUISA ORIENTADA    PESQUISA AVANÇADA    EXPOSIÇÕES ONLINE    NORMAS DE INVENTÁRIO 

Animação Imagens

Get Adobe Flash player

 


 
     
     
 
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional dos Coches
N.º de Inventário:
V 0009
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Meios de transporte
Denominação:
Coche
Título:
Coche da Embaixada de D. João V ao Papa Clemente XI - Embaixador
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Roma, Itália.
Datação:
1716 d.C.
Matéria:
Madeiras; marfim; couro; ferro; brocado de seda; lhama de ouro; feltro; sarja de algodão; linho; palha de milho; palha de centeio
Suporte:
Madeira de carvalho e/ou azinho (rodados e estrutura)
Técnica:
Madeira entalhada e dourada; ferro forjado e dourado; bordado de aplicação; couro pespontado;
Dimensões (cm):
altura: 358; largura: 245; comprimento: 677;
Descrição:
Coche que integrava a embaixada enviada por D. João V ao papa Clemente XI. Carro triunfal "à romana", de caixa aberta montada sobre quatro rodas, assente sobre uma viga longitudinal de secção rectangular e suspensa e fortes correões de couro. O alçado dianteiro do coche é dominado por quatro figuras de vulto perfeito: ao centro, Sileno e um cavalo marinho enlaçados por grinalda, que sustentam a tábua do cocheiro, em forma de concha. Esta é flanqueada pelas figuras em tamanho natural da deusa Palas (Guerra), representada com a mão direita erguida em acto de comando, e da Esperança Renascida, à esquerda, com um ramo de flores na mão. Ambas as figuras se apoiam em fortes troncos que as sustentam e servem de montantes. O banco do cocheiro, bastante elevado, possui almofada de couro castanho com enchimento de palha de centeio (original), assente sobre correias de couro. Os apainelados são definidos por ducinas contracurvadas que também delimitam as portinholas, acentuando o perfil bojudo ("bombé") da caixa. Primitivamente, estas ducinas eram revestidas a bordado de cariz fitomórfico, formando friso. Os painéis das portinholas são recobertos de panóplias de armas antigas e modernas recamadas a fio de ouro sobre moldes de madeira finamente entalhados, às quais se interpõem ramos de louro e de carvalho, respectivamente símbolos da vitória e da fortaleza. Nos restantes painéis, distinguem-se ainda armas das Nações bárbaras igualemente relevadas, de modo a produzir acentuados efeitos de claro-escuro. Originalmente, dos ângulos da caixa pendiam festões recamados que acompanhavam os perfis da caixa, descendo até aos mascarões entalhados onde encaixam as "mãos" das correias de suspensão. Destes ornatos nada resta, com excepção das marcas deixadas nos pontos de fixação. Quatro colunas embebidas em falsos pilares truncados pela cimalha, estabelecem a ligação entre a caixa e o tejadilho do coche, apresentando no topo modilhões e cabeças de delfins, em jeito de capitéis. Pelo lado de dentro da cornija, corre uma sanefa polilobada, decorada com troféus militares bordados a fio metálico e franja de cadilhos, muito incompleta. O tejadilho, levemente convexo e montado a partir de uma armação de doze braços, é revestido a tela de ouro, que se apresenta bastante danificada. Ao centro, eleva-se um duplo soclo em forma de pavês, sobre o qual assentava um dragão coroado, símbolo da Casa de Bragança, em vulto perfeito, sustentando nas garras diversas panóplias militares. Nos ângulos do tejadilho, em vez dos tradicionais terminais decorativos, erguiam-se quatro troféus magestralmente bordados a fio de ouro, de base cruciforme, a avaliar pelas marcas deixadas na estrutura. No alçado traseiro desenvolve-se uma composição escultórica perspectivada, alusiva à Navegação e à Conquista. Estes dois pólos temáticos são separados entre si por um eixo imaginário que continua o varal de sustentação da caixa e que termina com a cabeça do lendário Adamastor. O primeiro, à esquerda, é representado pela deusa Tetis (com compasso, esquadro e globo terrestre que lhe é oferecido por um Zéfiro), sustida em ombros por um tritão emergente dos destroços de uma antiga nau, e por diversas criaturas marítimas, entre as quais delfins e Palémon, deus dos portos, identificado pela bússola. Este instrumento tem marcados alguns dos signos do Zodíaco e, ao centro, uma representação da Virgem com o Menino. Na metade oposta, a deusa da guerra, Belona, avança em direcção ao observador, tendo a seus pés um pequeno sátiro e um leão feroz atacando um homem. Ao centro da composição mas num plano mais recuado, dois génios simbolizam a Prudência e a Justiça, virtudes que sempre acompanharam os Portugueses na sua secular epopeia expansionista. As rodas posteriores são constituídas por cinco pinas unidas entre si por "gatos" de ferro e cingidas no extradorso por um espesso aro de ferro munido de cavilhas. São esculpidas em forma de folhas de carvalho e landes, as quais completam logicamente a decoração dos raios. Estes são nivelados, em número de dez, e têm a forma de delfins e grupos de três serpentes, dispostos em alternância. Os raios estão interligados por duas circunferências internas, a primeira na base, junto à massa, e a segunda de maior diâmetro, formada por ramos de carvalho e landes. A decoração desenvolve-se igualmente nas faces interna e externa das rodas. As rodas dianteiras são em tudo idênticas às traseiras, mas de menores dimensões, formadas por quatro pinas e oito raios. O parsevão é um trabalho de marchetaria de ébano e marfim, desenvolvendo-se numa complexa composição de arabescos vegetalistas que se expande pelos estribos. O revestimento interno da caixa, incluindo as almofadas dos bancos, é de brocado ou "tissu" de ouro, com decoração floral e ornamental. O tecto, delimitado por sanefa em tudo idêntica à acima descrita e cornija preenchida por folhagem bordada, apresenta nos ângulos internos, modilhões de pele fina, destinados a congir as cortinas interiores. Ao centro, integralmente bordadas a ouro, as armas reais portuguesas em escudo coroado e bastante relevado, sobre paveses alusivos às nações derrotadas. A caixa possui seis cortinas - quatro laterais e duas traseiras - confeccionadas com pano de ouro ("taqueté" de 18 fios por repetição, construído com duas teias: uma de fundo e outra de ligação; por cada 8 fios de fundo há um fio de teia que fixa a trama de ouro que passa à superfície) no anverso e de "lhama" de ouro ("taqueté" de 4 fios de teia, uma passagem de trama de fundo, de seda, por uma passagem de lâmina de ouro) no reverso, sobre tela de linho de textura larga (onze fios de teia e onze de trama por centímetro). As cortinas laterais são compostas de três panos com 0,53 cm de largura e cerca de 1,75 m de altura, enquanto que as traseiras têm apenas dois panos idênticos. Originalmente, todas elas possuíam galão de 9 cm no anverso e renda de ouro com a mesma largura, no reverso, dos quais subsistem alguns vestígios. Em ambos os tecidos referidos, foi utilizado fio de seda cozida de leve torção, fio de ouro laminado crespo com torção em "S", espiralado em torno de uma alma de seda amarela, constituída por dois fios com torção em "Z". Na "lhama" foi também utilizada lâmina de ouro estirada. Não foi ainda encontrada a lança desta viatura mas foram estudadas as medidas e os seus 3 encaixes perpendiculares.
Incorporação:
Afectação Permanente - Casa Real Portuguesa. Bens da Coroa.
Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 * Em 8 de Julho de 1716, o Embaixador Extraordinário de D. João V, D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Menezes, era recebido em audiência pública pelo Papa Clemente XI. A entrada solene do Marquês de Fontes - título por que era então conhecido este gentil-homem da Real Câmara e Vedor da Fazenda, mais tarde 1º Marquês de Abrantes - corresponde ao culminar da sua actividade diplomática em Roma, durante a qual obtivera para a Igreja Portuguesa as mais altas prerrogativas. Do cortejo então realizado faziam parte quinze coches (dez dos quais de acompanhamento), tendo chegado até nós os três principais, que se expõem no Museu Nacional dos Coches sob a designação comum de "Coches da Embaixada". Estes carros triunfais, executados em Roma e enviados por mar até à capital portuguesa, regressaram a Lisboa com o Embaixador Português, em Janeiro de 1718. Segundo alguns autores, os carros terão servido nas cavalhadas (ou torneio real) realizadas nesta cidade nos dias 2 e 11 de Novembro de 1795, por ocasião do nascimento do príncipe D. António. Todavia, sabe-se hoje que os veículos utilizados neste espectáculo público foram os de Melo e Castro, cujo paradeiro se desconhece, e não os do Marquês de Fontes. Os "Coches da Embaixada" são três viaturas de aparato construídas no mais perfeito estilo barroco, a pedido do próprio embaixador português. Os projectos dos carros, parecem cumprir um programa iconográfico idealizado pelo próprio Marquês, porventura de parceria com o arquitecto maltês Carlos Gimac. Juntos, os coches ilustravam a "magnificência do Poder Real, de quem dominava um vasto Império conquistado pelo saber dos descobridores e justificado pela propagação da Fé e sua vitória sobre os infiéis", embora cada um deles permita uma leitura autónoma e bem diferenciada. Tal como os seus congéneres, este coche encontrava-se arrecadado nas Reais Cocheiras do Calvário, em Lisboa, em meados do século XIX. Daqui, foi transferido para as Reais Cocheiras de Belém no ano de 1867, e destas para as Reais Cocheiras da Calçada da Ajuda, estabelecidas em 1873, de onde saiu para a Exposição das Janelas Verdes. Em 1904 transitou para o Depósito I da Repartição das Reais Cavalariças, instalado no antigo Picadeiro Real de Belém, passando no ano seguinte a integrar a colecção do então Museu dos Coches Reais. A versão apresentada por Alfredo Keil (1905) é, no entanto, diversa, fazendo supor que estas carros permaneceram num depósito das Janelas Verdes desde 1882 até ao momento em que transitaram para o Museu de Belém.
 
     
     
   
     
     
     
 
Secretário Geral da Cultura Direção-Geral do Património Cultural Termos e Condições  separador  Ficha Técnica