Origem / Historial:
"A placa de alabastro do MGV representa um dos muitos Calvários que, entre os séculos XIV e XV, irradiaram das Midlands inglesas para toda a Europa, saídos, entre outros, dos portos de Southampton e Dartmouth, certamente satisfazendo, por um lado, um gosto que muito se dilatou e, por outro, sendo uma das contrapartidas de grandes movimentações económicas, políticas e consequente estabelecimento de parcerias familiares, com toda a panóplia e introdução de formas de estar e de novos bens. (...) Ao longo dos séculos XIV e XV, a Inglaterra especializou-se na produção de placas relevadas em alabastro. York, Burton-on-Trent, Stafford, Derby e Nottingham foram as jazidas de extracção por excelência. Se bem que se tenham produzido túmulos, esculturas de vulto inteiro e placas, o século XV foi marcado pela importação destas últimas, ou como peças por si completas ou em conjuntos retabulares. A facilidade do seu transporte e o culto intimista que propiciavam, em qualquer momento de paz ou de guerra (...) tornava-as práticas e apetecíveis. (...)
A crise portuguesa de 1383-1385 e a entrada de ingleses, entre os quais os Lancaster, que iriam estabelecer as mais próximas relações com o rei português e a descendência que gerou com D. Filipa, terão dado o seu especial contributo.
Não sabemos qual o nexo de causalidade entre o Calvário, que ora estudamos, eo bispo de Viseu, D. João Homem II (1391-1425), que foi padrinho do infante D. Henrique e embaixador do rei na cúria romana, mas esta pode constituir uma hipótese de pesquisa." Ana Paula Abrantes