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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Arte Antiga
N.º de Inventário:
679 Esc
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Escultura
Denominação:
Cabeça de Dario (medalhão)
Autor:
Andrea Della Robbia
Local de Execução:
Itália; Florença
Oficina / Fabricante:
Della Robbia. Segundo modelo de Andrea del Verrocchio.
Datação:
1501 d.C. - 1525 d.C.
Matéria:
Barro. Vidrado
Técnica:
Escultura em baixo relevo. Cozida, policromada e vidrada.
Dimensões (cm):
diâmetro: 76;
Descrição:
Medalhão com a representação de um busto de guerreiro retratado de perfil, envolto por um cordão amarelo, uma cercadura interna de escamas em vários tons de azul, e uma cercadura externa composta de folhas de louro, pinheiro, bolotas, pinhas e frutos, que correm no sentido dos ponteiros do relógio. Esta moldura externa divide-se em seis secções de dimensões regulares delimitadas por uma fita amarela. O busto do guerreiro, pintado a branco, está voltado para o lado direito. Traja couraça decorada com asas de grifo e cabeça de leão à frente; sobre o braço releva-se em baixo relevo um escudo com dragão inscrito. Cobre-lhe a cabeça um elmo de asas coroado com golfinho.
Incorporação:
Outro - Desconhecido (Vd. Historial)
Origem / Historial:
"O percurso deste medalhão em terracota vidrada até à sua entrada no Museu Nacional de Arte Antiga ainda permanece enigmático. A primeira inventariação museográfica ocorre em 1912-1913, com registo de proveniência e data de incorporação desconhecidas. Sabemos, no entanto, que figurou em 1882 na Exposição Retrospectiva de Arte Ornamental Portugueza e Hespanhola, no Palácio Alvor, em Lisboa, classificado entre os Della Robbia que tinham pertencido ao Mosteiro da Madre de Deus (Lisboa), proveniência que a historiografia portuguesa tem tomado como segura. O Mosteiro da Madre de Deus foi fundado pela Rainha D. Leonor, viúva de D. João II (1481-1495) e irmã do rei D. Manuel (1495-1521), decorrendo a sua edificação ao longo dos anos 10 do século XVI, estando decerto já terminado em 1517, à data da recepção das relíquias de Santa Auta oferecidas pelo Imperador Maximiliano (cat. 110). O medalhão dellarrobbiano juntar-se-ia à decoração de vincado gosto italianizante que a mecenas imprimiu nas suas iniciativas. Em torno desta rainha reunia-se uma corte paralela à reinante, que constituiu um dos mais importantes círculos humanistas portugueses. As relações contínuas de D. Leonor com fundações pias na cidade de Florença, documentáveis tanto a nível devocional como material, traduziram-se no intercâmbio de obras de arte que viria a motivar a vinda para Portugal de peças renascentistas tão significativas como a Bíblia iluminada pela oficina dos Attavanti, algumas imagens esculpidas em cera e, sobretudo, um importante conjunto de medalhões cerâmicos da oficina Della Robbia. Deste grupo faziam parte quatro Evangelistas, que em data tardia ornamentavam o claustro, um frontal de sacrário que também faz parte da colecção do Museu Nacional de Arte Antiga, um medalhão com as armas reais portuguesas (MNAA 678 Esc), outro medalhão com o Pelicano Eucarístico (MNAA 682 Esc), um medalhão com a Virgem e o Menino que, de acordo com a representação do Retábulo de Santa Auta, se integrava na fachada do mosteiro. De acordo com estas informações fragmentadas, não é difícil reconstituir todo um programa que na primitiva igreja integrava os quatro Evangelistas, o Sacrário e os medalhões do Pelicano e das Armas Reais Portuguesas, estes com óbvias conotações heráldicas, funcionando como assinatura emblemática do acto da mecenas e da exaltação da memória do falecido marido. O enquadramento ideológico do medalhão com o busto de Dario neste programa é fácil de interpretar. A presença do tondo en pendant com um de Alexandre – entretanto desaparecido -, tal como surgiam na matriz da representação florentina, completavam simbolicamente a exaltação do falecido rei D. João II. Como o Príncipe Perfeito português, o Rei Persa da dinastia Achemenida deveria ser lembrado pelo seu génio administrativo e pelos seus grandiosos projectos construtivos que incluíram uma importante campanha de fortificações. Os dois Uomini illustri da Antiguidade (Dario e Alexandre) aludiam à alegoria do Bom Governo que o significado do medalhão do Pelicano – transposto da filosofia política do reinado joanino cuja divisa era Pola Lei e Pola Grei – identificava e o medalhão com as Armas Reais associava directamente à pessoa real, como metáfora das virtudes do comportamento temporal e do comportamento moral. A fortuna crítica deste medalhão tem-se construído, todavia, não tanto em função do estudo do seu significado, mas antes da sua fidelidade ao modelo de Dario executado em metal por Andrea del Verrocchio e enviado, com o seu par Alexandre, por Lorenzo de Medicis ao rei Matias Corvino da Hungria como oferta diplomática no início da década de 1480. A representação deste par de Uomini ilustri teve tanto sucesso que se conservam uma série de representações derivadas destas - Alexandre o Grande na National Gallery of Art, Washington, atribuído à oficina de A. del Verrocchio; placa cerâmica de Dario no Kaiser-Friederich Museum, Berlim, atribuída à oficina Della Robbia e um desenho de busto de guerreiro de perfil, no British Museum, Londres, de Leonardo da Vinci -, às quais se deve juntar o Dario que aqui se expõe. A versão que se guarda em Portugal não tem uma autoria definida. Apesar dos contactos existentes entre a rainha D. Leonor e a oficina Della Robbia, nada obsta que este medalhão tenha saído das oficinas concorrentes, da família Buglioni, tal como sugerido por Alfredo Bellandi (1997, p. 364) baseado na análise das características técnicas. O exame da cercadura composta por uma fina grinalda de folhas de louro, pinheiro, macieira, limoeiro e carvalho que envolve os respectivos frutos num ritmo de seis secções demarcadas por fitas amarelas, revela uma tipologia diversa da dos congéneres della robbianos que se conservam em Portugal. A moldura interior, composta pela sobreposição de três círculos de escamas em tons de azul, recupera, por outro lado, a memória visual dos medalhões de Luca Della Robbia que decoram a abóbada da Capela do Cardeal de Portugal em San Miniato al Monte, em Florença, mecenato de D. Jaime, primo da rainha D. Leonor." CARVALHO, Maria João de; FRANCO, Anísio, "Dario", in O Sentido das Imagens. Escultura e Arte em Portugal 1300-1500, Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga, 2000, pp. 264-265, cat. 125 * Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *
 
     
     
   
     
     
     
 
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